Consta que Giordano Bruno ao ser posto na fogueira por heresia teria dito: “pobre de mim ter acreditar que aqueles que detinham o poder fossem reformá-lo”. Tal é o problema. Depois de séculos.
Todos dizem concordar que seja necessária a decantada reforma. Mas, cada um de nossos representantes deseja as alterações à conveniência dele.
E assim fica evidente a improdutividade dos trabalhos legislativos, como tantas vezes ocorreu, ou mesmo a sabotagem, como vimos logo após as manifestações de junho, quando a presidente voltou ao tema e os presidentes do Senado e da Câmara “mataram” a iniciativa.
Esta semana voltou à baila o voto facultativo. Como uma alteração isolada. Lógico que a não-obrigatoriedade atende os interesses de grupos. Como também atende a interesses de alguns o voto distrital.
Mas, se não houver uma construção orgânica, coerente entre as partes, corremos risco de uma colcha de retalhos, a demonstrar a certeza do ditado “pior a emenda que o soneto”.
Portanto, só acredito em uma reforma política elaborada por representantes eleitos exclusivamente para tal desiderato.
Não sou ingênuo. Não sou herege, mas penso como Giordano Bruno.
Nossa constituição está aí para provar.